Violência doméstica é questão pública

Uma das questões centrais do primeiro capítulo do livro A imaginação Sociológica, do sociológo estadunidense Charles Wright Mills, diz respeito às questões que, por serem consideradas exclusivamente da esfera privada, exigem que as desindividualizemos revelando seu caráter público.

Pensando em nosso contexto, uma dessas questões diz respeito à violência contra as mulheres, assunto que, conforme abordou Juliano Spyer, em sua coluna na Folha de São Paulo publicada no dia 10 do último mês e intitulada "Lute como uma crente: dá pra ser evangélica e feminista?". Conforme demonstra Spyer, embora exista no segmento evangélico esforços para se combater o machismo entre os fiéis, casos como a denúncia contra o apóstolo Rina, da Bola de Neve Church revelam práticas de acobertamento da violência doméstica por igrejas.

Violência doméstica é uma questão de interesse público, logo, igrejas, líderes e fiéis que acobertam essa prática prestam um desserviço ao conjunto da sociedade. Sendo uma questão pública, o que se esperaria desses atores é justamente que participassem da movimentação coletiva dos que não toleram violencia contra a mulher.

*Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.

Christina Vital da Cunha é professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense. Coordena o LePar – Laboratório de Estudos Socioantropológicos em Política, Arte e Religião e é editora do periódico Religião & Sociedade (https://www.scielo.br/j/rs/) além de autora do livro Oração de Traficante: uma etnografia e co-autora deReligião e política: uma análise da participação de parlamentares evangélicos sobre o direito de mulheres e de LGBTS no Brasil (2012), entre outros livros e artigos em jornais, revistas e periódicos nacionais e internacionais. Citação VITAL DA CUNHA, Christina. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4867-1500