Vale-Tudo pastoral
Há pastores corretos, irrepreensíveis. Há pastores honestos, simples, amorosos. Há pastores fiéis, zelosos com a família e com a Igreja de Jesus. Há os que são trabalhadores incansáveis; dentre estes temos os que gostam de construir, sempre levando suas igrejas a fazerem uma campanha para erguer uma nova edificação. Há pastores que se desdobram entre 2-3 empregos (além da dedicação à Igreja) para manterem suas casas. Há pastores engraçados, extrovertidos; porém, temos também os tímidos, melancólicos, geniais. Há os bons conselheiros, os professores de fazerem inveja ao Cortella. Há os que sabem cantar e tocar. Temos também os "pé-de-valsa". Há pastor com jeito e dom para administrar. Há pastores com excelente retórica. Há também os "cover de stand-up". Há pastores acadêmicos, estudiosos. Há pastores visionários. Há pastores honestos, sinceros. A esmagadora maioria é temente a Deus.
Todavia, também há o lado "b" dos pastores. Há pastores que faliram e outros que correm do acerto da justiça. Há os desonestos, mentirosos. Há os que adoecem suas igrejas, projetando nelas suas muitas neuroses. Há os adúlteros, abusadores, pedófilos. Há os que praticam sodomia e swing. Há os que vociferam ao invés de falar. Há os que se envolveram com pirâmides financeiras. Tem também os que viajam para Paris, com a dadivosa oferta da pensionista... Há os nepotistas e os que passam a igreja de pai para filho: para os tais, igreja é negócio de família (da família deles). Há os que têm visões com candidatos derrotados, após longos períodos de jejum. Há os mal formados e os maus formados: os primeiros, devido a deficiência do Seminário/Faculdade de Teologia local; o segundo grupo, por deliberada adoção de uma teologia que não conversa com o Evangelho. Há pastores falsos e falsos pastores. Há pastores violentos com suas famílias, com sua esposa. Há os manipuladores. Há também os que enriquecem às custas da "oferta da viúva pobre".
Só não há, ou melhor, só é impossível existir, para a massa evangélica, pastores de esquerda. Para estes, os mesmos que consideram natural a aliança entre o gospel e a extrema-direita, a esquerda, e o evangelho, não conversam entre si. Então, não dá para ser pastor e de esquerda. O resto vale. Vale-Tudo.
*Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.
Pr. Dr. Sérgio Ricardo Gonçalves Dusilek é Mestre e Doutor em Ciência da Religião (UFJF/MG); Pastor na Igreja Batista Marapendi (RJ/RJ); Professor do Seminário Teológico Batista Carioca. Autor de Bíblia e Modernidade: A contribuição de Erich Auerbach para sua recepção e co-organizador de: Fundamentalismo Religioso Cristão: Olhares transdisciplinares; e O Oásis e o Deserto: Uma reflexão sobre a História, Identidade e os Princípios Batistas.