Tim Keller: o calvinismo que amei
Tim Keller foi um apologista calvinista com alma, doçura, temperança, cérebro. A forma como enfrentou seus últimos anos de vida entrará para a história do cristianismo. Termina os seus dias almejando ver Jesus, sonho mais profundo de todo regenerado.
Conheci o Tim Keller no início dos anos 90, nos encontros sobre plantação de igreja da Spanish River Church, em Boca Raton, na Flórida.
Percebi logo cedo que estava diante da mente mais brilhante do protestantismo americano. Um pregador que amava tudo o que eu amo em teologia: Calvino, Jonathan Edwards, Bavinck, Martyn Lloyd-Jones, C.S. Lewis. Um apologista calvinista com alma, doçura, temperança, cérebro.
Numa dessas ocasiões, ao saber da minha intenção de melhorar meu inglês morando por algum tempo no seu país, fez-me o gentil convite de morar em Nova Iorque e congregar na Redeemer.
Fiz diversas visitas à Redeemer, igreja que plantou, em Manhattan, a fim de ouvi-lo pregar. Decidi, porém, ficar no Rio de Janeiro. Busquei viver o meu ministério a partir da pressuposição de que não deveria buscar reproduzir o trabalho pastoral de ninguém, buscando assim ser autêntico e firmemente comprometido com os problemas da minha cidade e do meu país.
Contudo, sempre o acompanhei por meio da leitura atenta de tudo o que escrevia. Quanta alegria experimentava por poder olhar para alguém, adepto da minha linha teológica e tradição de espiritualidade, com o qual mantinha tamanha afinidade intelectual.
A forma como Tim Keller enfrentou seus últimos anos de vida entrará para a história do cristianismo. Termina os seus dias almejando ver Jesus, sonho mais profundo de todo regenerado.
Que Deus use a morte desse precioso servo de Cristo para trazer à nossa memória a sua teologia e o modo como a aplicava à vida. Espero em Deus que, tudo isso, somado ao seu comovente testemunho face ao momento da mais alta prova que um ser humano é capaz de enfrentar, nos leve a nos arrependermos do que temos feito com a causa de Cristo no nosso país. Gostar de ler Tim Keller e os autores sobre cujos ombros ele enxergava a vida não significa andar no espírito dele, nem nos caminhos desses gigantes da fé.
Agradeço a Deus por tudo que recebi por meio de tão estimado discípulo de Jesus. Que desejo senti ontem à noite, ao saber da aproximação da sua morte e da forma como a enfrentou, de ser um cristão mais sóbrio, amoroso e fiel ao meu Salvador e Senhor.
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Antonio Carlos da Costa tem 59 anos, é teólogo, jornalista e fundador da ONG Rio de Paz, criada há 15 anos.