​Silvio Santos: um homem público, um corpo religioso

​Silvio Santos: um homem público, um corpo religioso

​Embora tenha sido um homem público, Silvio Santos optou pela privacidade em sua cerimônia fúnebre devido à sua religião judaica. A decisão, de fato, faz sentido em tradições e práticas do judaísmo. Algumas comunidades judaicas preferem manter o velório reservado seguindo os preceitos religiosos.Mas qual a implicação de um homem público da magnitude de Silvio Santos optar por uma cerimônia fúnebre reservada e qual o peso da religião nisso? ​O judaísmo, assim como outras religiões, possui práticas específicas de cerimônias fúnebres e a escolha de uma cerimônia reservada está alinhada a esses princípios. Isso demonstra um compromisso com às tradições, e mesmo no caso de Silvio Santos, a decisão revela que, independentemente do status, o respeito às crenças é fundamental. A espiritualidade continua tendo importância mesmo em figuras públicas de alta exposição.​​​​​​A religião influencia como alguém escolhe ser homenageado após a morte e essa escolha pode ter implicações em como uma figura pública deseja ser lembrada. No caso de Silvio Santos, que marcou a vida de muita gente, a decisão de uma cerimônia reservada também pode ser entendida como um ato de individualismo, sobretudo para fãs e admiradores que gostariam de prestar suas últimas homenagens publicamente. Isso cria um contraste entre o desejo de um tributo coletivo e as escolhas que respeitam as tradições religiosas. ​​Nesse caso, as práticas religiosas tiveram peso maior do que as expectativas do público. A religião é capaz de ditar certos protocolos que priorizam o respeito às tradições, mesmoque isso signifique a impossibilidade de participação em um velório público. A escolha de uma cerimônia reservada talvez tenha deixado muitos fãs e admiradores sem a chance de se despedir de forma coletiva e também tenha gerado inúmeros sentimentos de frustração. Mas a decisão também pode ter sido um esforço de garantir a privacidade da família e evitar a exposição excessiva, algo particularmente compreensível para figuras públicas que vivem sob constante holofote da mídia. Em última análise, a forma como lidar com o luto e o tributo a figuras públicas é complexa e envolve uma série de valores pessoais, religiosos e públicos. É uma questão de equilibrar o respeito às tradições e a necessidade de prestar homenagens públicas.


Deivison Brito é doutorando em Comunicação Social pela Umesp com pesquisas vinculadas ao tema dos evangélicos, mídias e representações culturais. É jornalista pelo Fiam-Faam, Centro Universitário, e mestre em Comunicação Social pela Umesp. É pesquisador do projeto: a circulação do sentido de “ser evangélico” no jornalismo: mediação, circulação e recepção. É estagiário docente no curso de graduação em Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo – Umesp. Email: deivisong3@gmail.com