O Evangelho segundo Bolsonaro
Eu me sinto muito incomodado com essa nova versão do evangelho que vem sendo pregado por alguns políticos de nossa geração e por muitos pastores que hoje parecem estar mais preocupados com a reeleição de Bolsonaro do que com o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo.
É com muito amor que venho destacar que o evangelho segundo Bolsonaro ou segundo qualquer outro político não condiz com o verdadeiro evangelho da graça de Deus. A presença de um revólver gigante na "Marcha para Jesus" em Vitória do Espírito Santo, meu estado natal, evento que hoje mistura religiosidade com política e que contou com a participação do presidente, é uma afronta ao evangelho. Quem estiver pensando que é bonito ou espiritual Bolsonaro aparecer nos púlpitos das igrejas pelo Brasil afora gesticulando como se estivesse segurando uma arma, não é.
É importante destacar algo muito claro presente nas escrituras sagradas: Jesus nunca comprou qualquer arma quando esteve aqui na terra, nunca andou armado e jamais ordenou que qualquer um de seus discípulos usassem qualquer tipo de arma para ferir outras pessoas. Ao contrário, Jesus ordenou a Pedro que embainhasse a sua espada. Paulo, apóstolo do Senhor nos afirma "Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas" - 2 Coríntios 10.4.
Nesse sentido, a postura do presidente é antes uma profanação do púlpito, um escárnio de um lugar tão sagrado. Ela revela uma decadência dessas igrejas, de sua capacidade de discernir o mal e de sua santidade. Bolsonaro vem revelando como estão estas igrejas em seu íntimo: doentes, e num estado muito crítico.
Qualquer cristão pode e deve votar em quem desejar, em Bolsonaro ou em qualquer outro candidato. Mas diante do que se lê em Efésios 5.11 “e não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as”, embora o voto seja um direito constitucional, permitir que Bolsonaro achincalhe o evangelho da graça de Deus seria no mínimo ser conivente com o próprio satanás.