O amor dos evangélicos por Israel e o ódio dos não-evangélicos aos evangélicos que amam Israel

O amor dos evangélicos por Israel e o ódio dos não-evangélicos aos evangélicos que amam Israel


“Imagens espantosas chegam de Israel. Era questão de tempo a escalada da violência. Visitei a região diversas vezes. Conheço gente boa de ambos os lados. Desconheço conflito mais complexo. Sugiro que vc pense bem antes de escrever qualquer coisa.”

Pastor Antônio Carlos Costa, no X - @antonioccosta_

O assunto da semana, do mês e talvez dos próximos meses será a guerra declarada por Israel contra o Hamas, após ataque de proporção inédita do grupo terrorista contra o país, no dia 6/10. Dentre os muitos ângulos que podem ser explorados e que se relacionam aos evangélicos, foco deste Observatório, três se destacam, em minha visão, e podem ser aprofundados por jornalistas interessados no assunto.

1.Por que a maioria dos evangélicos é pró-Israel, não importando quem esteja no poder no país. A jornalista Anna Virginia Balloussier, @annavirginia, da Folha de S. Paulo, mais uma vez saiu na frente e analisou a questão. Mas vale seguir aprofundando, ouvindo teólogos, pastores sionistas e os que se opõem às teses sionistas. Reproduzo um trecho e recomendo a leitura da coluna de Virginia na Folha deste domingo, 7/10. “Pastores correram à internet para se solidarizar com a nação surpreendida por múltiplos ataques do palestino Hamas neste sábado (7). ‘De todas as boas promessas do Senhor a Israel, nenhuma delas falhou; todas se cumpriram’, postou André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, citando o Livro de Josué. Essa parte do Antigo Testamento, comum a cristãos e judeus, narra a conquista da terra prometida pelos israelitas. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), outra prócer do evangelicalismo nacional, se disse ‘em lágrimas’, pediu paz e fez uma declaração. ‘Ó, Israel, como te amo!’"

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/10/por-que-tantos-evangelicos-defendem-israel-no-novo-conflito.shtml

2.Um segundo aspecto que me chamou a atenção foram as manifestações de ódio contra os cristãos que defendem Israel e acreditam que a nação, segundo as Sagradas Escrituras, são “a menina dos olhos de Deus”. [“Ele o encontrou numa terra deserta e num ermo solitário povoado de uivos; rodeou-o e cuidou dele, guardou-o como a menina dos olhos.” – Deuteronômio 32:10]

Também creio ser de interesse do leitor entender por que esse posicionamento suscita tanta raiva. Cito apenas algumas declarações que li no X:

“Eu tenho uma raiva tão grande dessa bando de malucos evangélicos que tentam justificar as atrocidades de Israel com os palestinos que não é brincadeira. Na boa, peguem a bíblia de vocês e esse deus que tenta justificar guerras e vão pra casa do c..”

“Os evangélicos neopentecostais são a pior coisa que já aconteceu ao Cristianismo. Eles são ESCÓRIA! Deviam ser todos deportados para Tel Aviv e confiscar seus passaportes. Eles se importam mais com Israel, do que com o próprio país.”

“Eu sou a favor que esses malucos evangélicos embarquem para Israel para defender a bandeira deles, vão para Israel, vão lutar lá !!!”

“E, se a sociedade brasileira não acordar, o Brasil poderá virar uma república teocrática neopentecostal...”

3.Terceiro e último que me ocorre de bate-pronto: a volta do “trend topic” nas redes - a busca pela compreensão das profecias do Apocalipse. “Israel é um termômetro dos sinais do cumprimento do que está escrito no livro do Apocalipse”, afirmou ao jornal “O Globo” o deputado federal e membro da Assembleia de Deus Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) na ocasião dos debates sobre a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, em 2019. “Para nós, todo cenário será preparado para o Armagedom, como descrito no Apocalipse, e o palco do Armagedom será na cidade de Jerusalém.”

*Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.


Marília de Camargo César nasceu em São Paulo, é casada e tem duas filhas. Jornalista, é editora-assistente de projetos especiais do Valor Econômico, maior jornal de economia e negócios do Brasil. É também autora de livros que provocam reflexão nas lideranças evangélicas. Suas obras mais conhecidas são Feridos em nome de Deus, Marina — a vida por uma causa e Entre a cruz e o arco-íris.