Nomeação de Mike Huckabee como embaixador em Israel evidencia a influência evangélica na política de Trump, e outras notícias internacionais

Nomeação de Mike Huckabee como embaixador em Israel evidencia a influência evangélica na política de Trump, e outras notícias internacionais

A nomeação de Huckabee como embaixador em Israel evidencia a influência evangélica na política de Trump

A escolha de Mike Huckabee como embaixador dos EUA em Israel reflete a prioridade de Donald Trump em atender às demandas de sua base evangélica, fortemente pró-Israel. Huckabee, que rejeita a solução de dois estados e apoia o controle permanente israelense sobre a Cisjordânia, está mais alinhado com a direita israelense do que com a maioria dos judeus americanos, que tendem a defender a convivência entre dois estados. Embora Huckabee seja um nome celebrado pelo movimento de colonos israelenses, sua capacidade de influenciar políticas pode ser limitada. A política externa de Trump também considera os interesses de aliados árabes, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, que se opõem à anexação de territórios. Esse conflito entre as aspirações evangélicas e as realidades geopolíticas da região pode gerar tensões no próximo mandato de Trump. O papel de Huckabee, embora simbolicamente relevante, dependerá das estratégias mais amplas traçadas por conselheiros mais próximos ao presidente (The Atlantic).


Os "cristãos culturais" estão moldando o movimento conservador nos EUA

O crescimento do "cristianismo cultural" tem redefinido o conservadorismo nos Estados Unidos, unindo aqueles que valorizam tradições cristãs sem necessariamente praticar a fé. O conceito ganhou destaque com figuras como Elon Musk e Richard Dawkins, que defendem princípios cristãos enquanto criticam valores liberais modernos, como diversidade e inclusão. Este fenômeno reflete a insatisfação cultural e econômica, especialmente em questões como custos de vida e desafios familiares. Embora menos focados na salvação espiritual, os "cristãos culturais" buscam preservar a ordem social e combater o que percebem como a hegemonia liberal (The New Republic)


Grupo teatral evangélico Logos Theatre ganha destaque em Washington com espetáculos cristãos conservadores

O Logos Theatre, uma companhia teatral evangélica baseada na Carolina do Sul, tem conquistado espaço em Washington com produções como "O Peregrino", adaptação de The Pilgrim’s Progress, e histórias de Nárnia. Suas apresentações no Museum of the Bible, financiado pela família Green, fundadora da Hobby Lobby, têm aumentado a audiência e o reconhecimento da companhia, que impõe a adesão a valores cristãos tradicionais, incluindo a exclusão de pessoas LGBTQ em seus elencos. Sob a direção de Nicole Stratton, o Logos adaptou obras de domínio público e enredos cristãos para refletir valores conservadores, como a modificação de figurinos históricos para evitar "escândalos" ao público. A parceria com o Museum of the Bible ampliou o alcance do Logos, resultando em aumento de receita e convites para apresentações em outros locais, como o Ark Encounter em Kentucky. No entanto, as políticas restritivas da companhia e seu enfoque em valores específicos geram debates sobre inclusão e diversidade nos círculos artísticos (Washington Post).


Trump e aliados buscaram votos de comunidades religiosas menores, incluindo os Amish e o movimento Chabad

Trump e seus aliados intensificaram esforços para conquistar grupos religiosos menores nas eleições de 2024, como cristãos coptas, assírios, chabad lubavitch e amish. Entre as estratégias, destacaram-se mensagens personalizadas, como o reconhecimento da fé copta e visitas simbólicas, como ao túmulo do rabino Menachem Schneerson. Enquanto o apoio dos amish na Pensilvânia, tradicional reduto republicano, manteve-se estável, Trump conseguiu fortalecer laços com comunidades específicas ao destacar valores sociais conservadores e políticas pró-Israel, atraindo votos em estados-chave.(Los Angeles Times)


O impacto do voto cristão na eleição de Trump em 2024

O voto cristão foi decisivo na vitória de Donald Trump em 2024, com 56% dos eleitores cristãos apoiando-o, segundo estudo de George Barna. Apesar de uma participação menor entre alguns setores religiosos, o apoio sólido dos evangélicos brancos (80%) e o aumento de votos entre católicos (54%-58%) e hispânicos cristãos ajudaram Trump a conquistar uma vitória expressiva. Questões como inflação, imigração e controle de fronteiras foram as principais motivações dos eleitores cristãos, enquanto o aborto, que já foi um tema central, perdeu força como prioridade política. Contudo, muitos cristãos continuam atentos a valores como liberdade religiosa e proteção da família (The Denver Gazette)


Ex-bilionário evangélico Bill Hwang é condenado a 18 anos por fraude financeira histórica

O ex-bilionário e filantropo cristão Bill Hwang foi condenado a 18 anos de prisão por fraude financeira que resultou em perdas de US$ 10 bilhões. Fundador da Archegos Capital Management, Hwang, de 60 anos, usou práticas fraudulentas que levaram ao colapso da empresa em 2021, impactando bancos e investidores. A sentença, proferida pelo juiz Alvin Hellerstein, superou precedentes, comparando seus crimes aos de Bernie Madoff e Sam Bankman-Fried. Apesar de sua defesa enfatizar suas obras filantrópicas e sua fé cristã, o juiz destacou que a gravidade do crime superava seus feitos de caridade. Hwang, que perdeu grande parte de sua fortuna, manteve seu apelo à fé e à reconciliação, mas enfrenta sérias consequências legais, incluindo possíveis restituições aos prejudicados. A decisão também serve como alerta sobre a severidade da lei para crimes financeiros (Christianity Today).


Críticas religiosas abalam governo do evangélico William Ruto no Quênia

O presidente do Quênia, William Ruto, enfrenta crescente oposição de líderes religiosos, incluindo bispos católicos e líderes evangélicos, que antes o apoiavam. Antes reverenciado como "David" bíblico, Ruto agora é apelidado de "Zakayo" (Zaqueu) devido às impopulares políticas de aumento de impostos e à percepção de corrupção e má administração. A Igreja Católica, em particular, tem criticado severamente sua gestão, rejeitando doações e apontando violações de direitos humanos e promessas não cumpridas. Manifestações populares contra os impostos reforçaram o descontentamento, levando líderes religiosos de diversas crenças a se unirem contra o governo. Ruto, que construiu sua ascensão política com base no apoio das igrejas, agora busca reconciliar essa relação, consciente de que elas podem influenciar negativamente sua reeleição(BBC)


Como será o Brasil Evangélico?

O Brasil está em meio a uma transformação religiosa que pode alterar profundamente sua cultura e política. Evangelistas, sobretudo pentecostais e neopentecostais, estão próximos de igualar o número de católicos no país até 2032, desafiando séculos de hegemonia católica. Essa transição é impulsionada pela migração urbana, desigualdades sociais e a promessa do evangelho da prosperidade, que conecta a fé à ascensão econômica. Enquanto a esquerda e intelectuais frequentemente criticam os evangélicos por suas visões conservadoras e apoio a figuras como Jair Bolsonaro, o movimento também oferece acolhimento, estrutura comunitária e resiliência aos marginalizados urbanos. Embora o "ethos empreendedor especulativo" evangélico dialogue com o capitalismo, ele carrega ambivalências: é autoritário em sua organização, mas também igualitário em seu alcance. Essa explosão do pentecostalismo revela uma necessidade profunda de transcendência e utopias em um contexto de precariedade e violência urbana. O desafio agora é reinterpretar esse movimento: ele é apenas um reflexo do neoliberalismo, ou pode ser uma base para novas formas de organização social e política? (Aeon)