Evangélicos enfrentam rios secos para levar mantimentos aos ribeirinhos no Amazonas

Evangélicos enfrentam rios secos para levar mantimentos aos ribeirinhos no Amazonas

Parintins (AM) tem 90 mil habitantes e ficou nacionalmente conhecida por seu Festival Folclórico, que celebra a dança típica do boi-bumbá. É uma cidade cercada por rios, que nas últimas semanas foram secando de forma assustadora. É lá que, há 72 anos, existe a Primeira Igreja Batista de Parintins (AM), uma pequena comunidade cristã que reúne semanalmente cerca de 600 pessoas. A partir das ações de compaixão dessa igreja evangélica, 73 famílias em oito comunidades ribeirinhas diferentes (Hebrom, Simeão Socorro, Igarapé Açu, Palhal, Maranhão, Ariaú, Freguesia do Andirá e Renovo do Senhor) estão recebendo cestas básicas para o sustento diário emergencial. Uma delas – Renovo do Senhor – também ganhou uma bomba de água no valor de R$ 600 reais, como resultado de uma campanha de doações da igreja.

Todas essas comunidades estão no raio de atuação da igreja e são afetadas pela seca severa nos rios Mamuru, Uaicurapá, Andirá e Caburi, localizados na região do Baixo Amazonas.

Os rios são as ruas dos ribeirinhos, e quando essas “ruas” secam, eles precisam caminhar por horas em um solo inapropriado. As crianças estão deixando de ir às escolas por dificuldade de acesso. Além disso, muitos desses moradores já são idosos e, portanto, com dificuldade de locomoção.

O missionário da Igreja Batista de Parintins, Auliandro Paixão, é um dos que levam em seu barco as cestas básicas até às comunidades. Ele conta que nunca viu algo igual. “Eu nunca tinha visto o leito do rio, como agora vejo e caminho por ele, carregando os mantimentos. Do barco, vemos bancos de areia e lixo espalhado como ferros e pneus”. Auliandro diz ainda que, ao conversar com os ribeirinhos, percebeu que a grande preocupação deles é com o futuro dos filhos. “Eles perguntam se os filhos deles conseguiram ir às escolas”.

Já uma preocupação do missionário é se os cristãos estão sendo, de fato, mordomos da Criação de Deus. A palavra “mordomo” é uma alusão ao relato bíblico de Gênesis em que Deus criou o ser humano no Éden e o chamou para “cuidar do jardim”.

“A gente olhava para os rios e dizia que era impossível a água acabar. Mas vendo agora, percebemos que a facilidade é muito grande de terminar se a gente não cuidar, não preservar, não zelar por aquilo que Deus deu pra gente”.

 


Lissânder Dias é jornalista, escritor e editor de livros. Colabora com iniciativas sociais evangélicas há 2 décadas. É autor de “O Cotidiano Extraordinário – a vida em pequenas crônicas” (Editora Ultimato/W4 Editora).

– Com colaboração de Phelipe Reis.

 Créditos das fotos: Acervo da Primeira Igreja Batista de Parintins (AM).