Esquerda e direita debatem aborto de modo populista e demagógico
Ser “a favor” ou “contra o aborto” serve para biscoitar curtidas nas suas redes sociais e treinar seus algoritmos, mas, na real, nem chega a arranhar a superfície do problema. Isso vale pra você nas redes, mas vale principalmente para os candidatos “pró-vida” e “pró-escolha”
1) Existe alguma proposta REAL para que o Brasil finalmente desça abaixo da média mundial de gravidez na adolescência? Algum investimento REAL na área de educação sexual ou só “campanhas” pra gerar ruído na mídia?
2) Existe alguma proposta REAL para proteger e dignificar mulheres que são estupradas DIARIAMENTE por seus maridos? Propostas REAIS para endurecer as leis para os casos de violência e abuso sexual dentro do casamento?
3) Existe algum investimento REAL para que o trauma da experiência de aborto espontâneo seja minimizado? Amparo psicológico REAL e melhoria nos equipamentos e capacitação médica? Ou vamos continuar tratando tudo como tabu?
4) Existe alguma proposta para extinguir a lei MEDIEVAL que proíbe a esterilização voluntária para o caso de mulheres adultas que DECIDAM não ter filhos? Ou o Estado vai continuar impondo a toda mulher a obrigação de manter-se fértil?
5) Existe algum programa REAL de apoio a mães solo (que em no último censo correspondiam a 15,3% dos lares brasileiros)? Ou a ideia é que o homem possa continuar engravidando suas companheiras e deixando pra elas o ônus de carregar os filhos sozinhas?
6) Existe alguma proposta REAL de apoio a mães que decidam NÃO ABORTAR? Acompanhamento pré-natal especial? Amparo psicológico? Financeiro? Parcerias com igrejas e ongs para facilitação num eventual processo de adoção de frutos de gravidez indesejadas?
7) E, em especial: quem está discutindo isso tudo são MULHERES ou são homens?
Sem respostas HONESTAS para essas perguntas, tudo o que a gente vai conseguir é que mulheres ricas continuem abortando em segurança e mulheres pobres continuem morrendo em clínicas clandestinas.
E um assunto espinhoso desses só vai servir como alimento para nosso exibicionismo moral nas redes.