Entrevista com o colunista do OE Alexandre Gonçalves sobre resistência de evangélicos à vacinação
O Observatório Evangélico entrevistou seu colunista, o pastor e policial rodoviário Alexandre Gonçalves sobre a questão da resistência à vacinação por parte de evangélicos, tema já tratado em outros textos.
Confira a entrevista abaixo:
OE - A visão anti-vacina é predominante ou minoritária no campo evangélico?
R. Não acredito que seja uma visão predominante. E acho que nunca foi. E realmente, nos dias de hoje, mesmo com toda a bagunça que está atualmente, não o vejo como predominante.
OE - Existem características comuns entre os evangélicos que abraçaram o entendimento de que se vacinar é contrário à religião?
R. Eu acho que o que tem em comum é que a maioria deles tiveram algum contato com teorias conspiratórias - principalmente vindo de nomes como Olavo de Carvalho, Damares Alves, etc. - que falam que a vacina é utilizada para diminuir a população nacional. Não tem a ver propriamente com religião. Não conheço ninguém que deixe de tomar a vacina porque entende que é um pecado. Não é por isso. É porque acabam consumindo teorias conspiratórias. E acreditam, então, que as vacinas são para matar as pessoas. É por esse discurso que percebemos que o fenômeno tem relação com teorias conspiratória. São pessoas que consomem esse tipo de discurso, geralmente gente que teve contato com ideias de Olavo de Carvalho, Damares e outros que de alguma forma acabam pregando esse tipo de teorias.
OE - Em que medida a polarização política influenciou a promoção deste argumento?
R. No mais alto grau. Quanto maior a polarização, maior o radicalismo. E o radicalismo se alimenta de teorias conspiratórias. Então, claro, a polarização com certeza promove esse tipo de teoria e comportamento. Sempre houve teoria conspiratória no meio evangélico. Mas se destaca o discurso de dizer que tudo o que não é aquilo que eu acredito é comunista. Claro que isso só alimentou uma turma muito grande que acaba pregando teorias conspiratórias.