A bíblia não proíbe a orientação homossexual
Cada vez mais evangélicos têm compreendido que a bíblia não afirma que é pecado ser homossexual. Há alguns anos, quando experimentei falar sobre essa perspectiva para alguns irmãos evangélicos, especificamente para pentecostais, neopentecostais e batistas, a maioria tomou como uma agradável surpresa e esboçou fazer muito sentido aquela compreensão.
Nos vários textos bíblicos que tocam no assunto, não é possível encontrar uma condenação contra as pessoas que têm tendências, desejos homossexuais ou, como se designa entre os estudiosos contemporâneos, orientação homossexual. Tem, por assim dizer, a orientação homossexual aquela pessoa que vivencia atração afetiva, romântica ou sexual por outra pessoa do mesmo gênero ou sexo. E já não é difícil ver evangélicos de igrejas tradicionais se assumindo como alguém que sente atração por pessoas do mesmo sexo. Veja que não estou me referindo às igrejas inclusivas.
Cada vez mais alguns evangélicos se sentem mais à vontade para concordarem de que uma pessoa pode ser homossexual e ser um crente cheio do Espírito Santo, como se pode ver em publicações em uma quantidade considerável de livros em grandes editoras cristãs brasileiras nos últimos 5 anos. Todavia não é fácil negar que a bíblia tenha ordenanças contrárias à prática da relação sexual entre pessoas do mesmo sexo; mesmo quem compartilha da teologia gay reconhece que certos versículos são contrários ao ato ou à prática homossexual tal como proíbe a prática sexual entre héteros antes do casamento.
Mesmo que isso possa parecer muito pouco a quem está no fronte lutando contra a violência à comunidade LGBTQIA+, essa perspectiva ajuda a dissociar a imagem de que a pessoa gay é um ser “antinatural”, uma abominação, evitando sua desqualificação enquanto pessoa, de modo que uma maior circulação dessa sutil distinção talvez possa resultar em maior acolhimento e respeito aos LGBTs. Penso que se o pastor que orou nas redes sociais pela morte do querido Paulo Gustavo, enquanto ele estava internado por COVID, compartilhasse dessa perspectiva, muito provavelmente ele não teria feito essa oração homofóbica. Mas fiquemos com a oração da mãe do saudoso ator, que, após sair a decisão de condenação do pastor, disse: "Ele orou pela morte de meu filho e eu rezo para que ele viva bastante para se arrepender de seus pecados".