A BELEZA DO NATAL
Não, tal beleza não está nas varandas decoradas com luzes e presépios, com árvores montadas nas casas, com outras tantas colocadas nos shoppings. A beleza do Natal tem muito pouco a ver com essa ambiência artificialmente iluminada. O primeiro Natal, o nascimento de Jesus chamado Nazareno, teve luzes celestiais: ora pela estrela brilhante que cativou a atenção dos reis magos (astrólogos), ora pelo coro angelical que apareceu aos pastores que guardavam o rebanho no campo. Sobretudo a luminosidade natalina é refletida no significado atribuído ao Messias. Ao referir-se a Jesus, já adulto e iniciando o período de sua vida conhecido como ministério, o evangelista Mateus (capítulo 4, verso 16) assim se refere: "O povo que vivia em trevas viu grande luz e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz".
A beleza do Natal está em seu caráter inclusivo. Figuras desprezadas e tidas como suspeitas como os pastores, foram inclusas na divulgação das Boas-Novas. Rompendo com a lógica social do Mundo Antigo a qual destinava as boas notícias somente à nobreza, o nascimento de Jesus tem sua maior divulgação feita para gente desprezada pela high society da palestina daquele tempo.
A beleza do Natal está na convergência religiosa que a figura de Jesus traz. Não mais a discriminação e condenação de outra matriz religiosa. Agora, diferentes tradições se mostram convergindo em Jesus, ofertando-lhe presentes que denotam o apreço, o reconhecimento.
A beleza do Natal está na ambiência na qual ele acontece. Na periferia do Império Romano; na periferia do reinado de Herodes, longe do palácio. Um Messias que rompe com a lógica da dominação, para se fazer de servo. Como se isso não bastasse, nasce fora da estalagem, em uma estrebaria. Enquanto os homens diziam não haver lugar para acolher o nascimento de Jesus, os animais, as montarias, os pets estavam ali, testemunhando a chegada de Jesus. A Criação sempre esteve pronta para o Criador.
Por fim, e olha que estou encerrando para não me estender, a beleza do Natal está na singeleza do primeiro berço: uma manjedoura, onde foi colocado envolto em um cueiro simples. Um Rei que se expressa e se permite acolher pelo caminho da humildade, da simplicidade, indicando, como bem Erich Auerbach assinalou, a universalidade de sua mensagem.
Sim, o Natal é belo! É um tempo de belezas! Que você, caro leitor, cara leitora desta coluna, o celebre com alegria juntamente com sua família. Um Feliz Natal é o que desejo para cada um de vocês.
*Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.
Pr. Dr. Sérgio Ricardo Gonçalves Dusilek é Mestre e Doutor em Ciência da Religião (UFJF/MG); Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Filosofia da Religião, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF/MG); Pastor na Igreja Batista Marapendi (RJ/RJ); Professor do Seminário Teológico Batista Carioca. Autor de Bíblia e Modernidade: A contribuição de Erich Auerbach para sua recepção e co-organizador de: Fundamentalismo Religioso Cristão: Olhares transdisciplinares; e O Oásis e o Deserto: Uma reflexão sobre a História, Identidade e os Princípios Batistas. Contato: sdusilek@gmail.com